8.4.09

sempre

para a Sheyla



Na primeira manhã do tempo
despertaram silenciosos
as galinhas, as crianças, os carvalhos
cuidaram uns dos outros
e houve até uma breve discussão
em torno de dois dos grãozinhos da areia

Contudo surgia nos olhos
o acinzentado medo
do que se chamaria
porvir

Pois na primeira manhã do tempo
nasceu a ansiedade
– e já que não se sabia
que para tudo existiria hora certa
nasceu desavisada a música, a morte
a História, o almoço

Quando já estava escuro
a ventania folheou um calendário
de páginas ainda brancas
e da boca de um velho
irrompeu o agouro

deve chover
amanhã

3 comentários:

Sheyla disse...

deve chover amanhã.

[desculpa...

e obrigada.

amo você]

gaia disse...

você notou o 'a' antes de 'Sheyla', a la Zé Paulo?

xi, agora estraguei a singeleza da coisa.

desculpa as farpas. amo te amo.

Roberta Climms disse...

bonitíssimo esse poema!