20.6.12

corria
o rio
entre as
margens
da gente
igarapé de
nossos
passos
paralelos
sol
a sol
elos
de água
lânguidos
logo alargaram
ganharam o mar
engoliram sal: soltaram-se

6.6.12

a T.

después de ser amor
que sea silencioso como los contratiempos
como el no-ser de cada movimiento en curso
pero que tu voz irrumpa finalmente
que hables siempre, que nunca dejes de hablar
y todo el tiempo de mi vida
pueda guardar tus cuentos
– tras las piedras, las hojitas,
tu última colección de la niñez,
que, tal como vos,
un día también devolveré al jardín



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depois de ser amor
que se faça o justo silêncio dos contratempos
do não-ser de cada movimento em curso
mas que tua voz irrompa finalmente
que fales sempre, que nunca deixes de falar
e todo o tempo de minha vida
possa guardar teus contos
– depois das pedras, dos gravetos
tua última coleção da infância
que eu também um dia devolverei ao quintal

5.6.12

pequenas mortes

perseguia em sonho minha própria morte
e antes disso era noite em um quarto
que embora não reconheça como meu
me permite estas madrugadas sacras
em que posso cheirar meus pés
ou assistir a uma entrevista de Kamenszain
e me masturbar pensando em
uma ponte, uma velha ponte, um conto oculto,
imagens que se deitam sobre outras imagens,
pensamentos que repetidos se excitam
até transbordarem o possível,
o sensato
encharcarem a cama e serem
recebidos em outros portões, além,
onde me vejo perseguir um animal corpulento
que quer a mim e por isso foge
somente se afasta quando me aproximo
se aproxima quando estou exausta
as patas e as patas contra a terra,
feito coração,
temor suave a que me rendo
sentindo o gosto de meus próprios dedos
pois me fareja e devora
o animal que sou