12.6.09

peço

Nada, mas o horror dos dias amarfanhados em obrigações. Qual fuga seria possível dentro de cada escolha? - se assim a chamamos: escolha. Longas tautologias me divertem como um dia as crianças experimentando chapéus. Por quanto tempo essa fruta tenra apodrecida na língua, perguntaria a Caio se eu mesma não fizesse tão pouco caso deste conto. Levaram-me os braços, deixaram-me pedaços mais fracos, mais vadios, como o olho e o fígado. Cante, alto se distante, algo sobre o nosso passado. Deixe-me saber, deixe-me saber. Que tudo volta ou vem de novo. Novo.

1.6.09

retrato

Sonhei esse avião de asas articuladas
acima das nuvens vestidos de noiva
por baixo de um céu azul honesto
coberta a vastidão das cores da terra
de um chão nunca tão seco
mar tão aguaceado
a cidade perfeitamente inóspita
pontiaguda
e o sonho me sobrevoava a alma