Quando eu era pequena, gostava de brincar uma brincadeira esquisita. A idéia vinha sempre que estávamos chegando em casa, de carro. Eu imaginava que aquelas pessoas tinham me recolhido na rua, que eu não pertencia a nada daquilo, nem os conhecia. Eu entrava na casa olhando ressabiada para tudo, achando as coisas limpas demais, a casa grande demais, fazendo um esforço imenso para não reconhecer os móveis. Eu tocava tudo com receio e encantamento, e caminhava farejando os cômodos, feito bicho. Eu então encontrava meu quarto, e inventava que tinha sido especialmente decorado para mim, naquela tarde. Que o casal gostaria que os chamasse de pai e de mãe, esses eram seus nomes. E o meu ali dentro seria: filha. Por último eu tomava um banho para me sentir limpa como a casa e me alimentava com muito gosto. Eu sempre me fingia esfomeada.
Hoje, quando volto a essa casa, descubro meus pais ainda brincando.
13.2.08
o monstro no ninho.
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Isabela Gaia
às
16:31
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3 comentários:
Lindo! Sobre o debaixo, um homem saltou lá de cima na sé e se espatifou ao meu lado na estação. o barulho é horrível. até!
[Favor não fazer comparações com o texto "74". ...vocês também são contraditórios e incoerentes, que eu tô sabendo.]
LIndo!
Texto, gosto de brincar de ser criança...
Piripim pim!!!
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