1.3.08

ella

Eu a vi revolver areia com os pés
violentar a praia infinita
E rasgar a Augusta
dona de todos os cantos

Cantou idéias sem rimas
a voz doce, mole de cachaça
atrapalhou a desarmonia
dos dias bem comportados

Pregou desordem e
recompôs o real
com a máquina de filmar
- seus dois olhos pintados

Entre um cigarro e outro
questionou meus propósitos
meus vícios, meus ódios
sem dirigir as palavras

E assim, desgovernada,
no acaso do ocaso,
levantou o vestido
furtou-me as horas

Eu achei então que só saberia
viver no escuro, no vão do tempo,
em todos os lugares
que estremecem a cidade

Mas ela dobrou a esquina
tomou carona num ponteiro
que eu já não via passar
por aqui, deixou somente

tudo o que governava lá.

2 comentários:

Yane Santiago disse...

- Ah, Dona Plenitude, por onde andas? - disse Tom, depois de abrir a lata de coca cola e ouvir PSSSSS.

Marcos Cruz disse...

Sim, mas qual é o nome do documentário?