30.3.09

pedaço

Um jantar com meu irmão e o que ele me diz entre seus longos silêncios. Qualquer coisa sobre as aulas na geologia e uma menina que foi enganada por um babaca ou as cervejas que ele tomou na sexta. Agora eu preciso das coisas que forem feitas de algodão. Tragam-nas para mim sem dizer nada sobre o que se passou. Meu irmão nasceu no mesmo dia que minha amiga imaginária Bete morreu. Daí então nós dois nos desocupamos com legos, pias-cachoeiras e regras próprias em qualquer jogo de tabuleiro. Meu irmão nunca soube a vergonha que é inventar uma amiga pra brincar e depois ter que guardar os brinquedos sozinha. Eu espero que ele nunca saiba e que eu nunca mais esqueça.

Além disso, não sei mais escrever. Sinto.

3 comentários:

Heitor Ferraz Mello disse...

sabe, sim, e sempre me comove com seus escritos. sinto.

Anônimo disse...

bete é nome de senhora. você tinha uma amiga senhora. isso diz muito.

. disse...

Pulei as poesias, porque você não é Bandeira. E cai neste aqui, do dia do meu aniversário.