14.12.07

o meu samba está de luto

Ele me olha de soslaio. André é tímido como as crianças solitárias. Planta os pezinhos no canto do quarto e se apruma para me observar de cima de seu um metro de altura. Eu me finjo distraída com a roupa de cama, mas ele sabe o que quer, não vai sair dali até. Há três semanas não lhe dou colo, não faço festinha em seus cabelos lisos. Há três semanas não canto a música da casa ou sequer quiuso uma balada pra ele dormir. André está cheio de saudades - e o pequeno ainda nem sabe que assim se chamam as coceguinhas que nascem na ponta do nariz. Sente falta de uma mãe, mas eu não posso ser nada para ele agora. O menino faz graça, se balança feito um pêndulo, segurando as mãozinhas atrás das costas. Ajeito o travesseiro. Ouviu?

- Eu não posso ser nada pra você agora. Arraste esses olhinhos pra lá, meu amor, André, violãozinho. Eu não sei te fazer carinho quando estou assim tão triste.

6 comentários:

Anônimo disse...

Bem. Existe a lenda de que não se faz um bom samba sem tristeza.

Karina Tambellini disse...

É a tristeza que balança.
Prum dia não ser mais triste, não.

[só pra continuar Yane. hê]

Sheyla disse...

senão é como amar uma mulher só linda.

Anônimo disse...

Ô, gente. Olha que isso aí dá samba, hein?

Anônimo disse...

vocês não têm mesmo respeito pela morte hein! tsc...

Dia 10 disse...

Quanta melancolia por aqui.
(a punhetacao dos comentarios)